Feeds:
Posts
Comentários

Archive for 7 de novembro de 2015

Duas interessantes e oportunas críticas da socióloga Maria Lucia Victor Barbosa.
PROXIMIDADES VENEZUELANAS
Maria Lucia Victor Barbosa

17/10/2015

Quem pensa que o PT acabou está muito enganado. Quem subestima o inimigo perde a guerra. E não é impróprio usar o termo inimigo para classificar o partido que arruinou a economia, corrompeu as instituições, falsificou dados financeiros, mentiu aos eleitores, aniquilou valores e fez a opção pelo atraso que se evidencia na quebradeira da indústria, no descalabro da Saúde, na ruina da educação, na trava do comércio internacional com países que trariam vantagens e progresso ao País.

O mal foi entronizado pelos eleitores e está disseminado, empesteando a máquina administrativa com incompetentes que se agarram aos cargos com unhas e dentes. E o mal se avantajou e se fortificou pela inexistência de oposições, notadamente do PSDB sempre pronto a apoiar o PT, além da idolatria tucana por Lula da Silva.

Em outra vertente, na tentativa de recompor a fracassada experiência soviética e a derrocada do comunismo no mundo foi constituído o Foro de São Paulo, que congrega organizações de esquerda e dá diretrizes para a América Latina onde o atraso e a desigualdade social é terreno propício para as pregações de ditadorezinhos travestidos de socialistas, mas que vivem como nababos usufruindo das delicias do capitalismo.

Para exemplificar o caminho traçado pelo Foro de São Paulo tomemos a Venezuela ainda sob o comando de Hugo Chávez, outro que destruiu seu país e que mesmo morto continua a governar através de seu genérico, Nicolás Maduro. Chávez primeiro tentou um golpe. Não deu certo. Em outra etapa logrou se eleger. Posteriormente dominou o Legislativo, o Judiciário e as Forças Armadas. A partir daí fez uma constituição á sua imagem e semelhança e governou despoticamente até morrer, chamando-se de democrata.

Voltemos ao Brasil. No mensalão ficou evidente como é fácil comprar o Legislativo. E não só com dinheiro se adquire uma base para o PT chamar de sua. Cargos também servem. Rousseff tentou agora salvar-se do impeachment com sua desastrada reforma ministerial.

O Judiciário surpreendeu com o ministro Joaquim Barbosa, que logrou por na cadeia figurões do PT e pessoas endinheiradas. Outro destaque foi o juiz Sérgio Moro que desbaratou o cartel de empreiteiros e desmascarou diretores da Petrobras que recolhiam propinas para irrigar campanhas, notadamente as do PT. Eles foram presos e condenados pelo juiz.

Moro, porém, teve suas asas cortadas quando o Ministro do STF, Teori Zavascki, decidiu que ele só poderia atuar no âmbito da Petrobras, em que pese as mesmas quadrilhas agirem em outras entidades estatais.

No momento, as delações premiadas apontam para os crimes de várias autoridades do Executivo e do Legislativo, além Lula da Silva e sua família, mas parece haver só um grande corrupto da República: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Só ele tem contas na Suíça. Só ele recebeu propina. Destaque na imprensa que devassa suas contas e documentos ele está sob ataque seletivo do Procurador-Geral da República. O PSDB pede seu afastamento. Deputados valentes pedem sua cassação e já se falou até em prisão.

Por que só ele? Porque o presidente da Câmara é quem abre o processo de impeachment. E ele o fez. Contudo, os ministros Teori Zavascki e Rosa Weber, a pedido de fiéis emissários do PT, muito oportunamente concederam três liminares que suspenderam as regras de tramitação determinadas por Cunha e Rosa Weber, em “juridiquês”, impediu através de uma dessas liminares que o presidente da Câmara retomasse o rito do impeachment. Com isto o governo ganhou um tempo precioso para acabar com Eduardo Cunha. Sem ele cessa o perigo do impeachment, pois não se pode esperar nada da chamada oposição. Terá, então, havido uma ingerência entre Poderes? Um fato muito grave como o é um rompimento institucional?

Outro acontecimento dá o que pensar: Os comandantes das Forças Armadas tiveram seus poderes subtraídos e passados para o Ministro da Defesa. Isso foi feito por um decreto, cuja iniciativa partiu de uma senhora que é secretária geral do ministério da Defesa e que vem a ser mulher do segundo na hierarquia do MST. O atual ministro é o comunista Aldo Rebelo. Dizem que quando precisam de alguém muito incompetente o chamam.

Em recente declaração à Folha de S. Paulo, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, disse ver risco de a atual crise virar uma “crise social” que afetaria a estabilidade do País.

 Segundo o general isso diria respeito ás Forças Armadas e cita a Constituição mostrando que as FFAA “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos Poderes constitucionais e, por inciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”, sob autoridade presidencial. Fiquei na dúvida se o general se preocupa em defender o povo ou a autoridade presidencial, em caso de crise social.

Com tanto poder o PT pode salvar Rousseff. Ela continuaria até fim do mandato ensacando vento e conduzindo o País ao agravamento da crise econômica, cujas dimensões dão medo aquilatar.

  AUTORIDADE LEGAL E AUTORIDADE LEGÍTIMA

 

Maria Lucia Victor Barbosa

 

08/08/2015 

A corrupção no Brasil tem uma longa trajetória, que aliada à impunidade nos infelicitou ao longo dos séculos. Sem me alongar sobre o tema recordo que o Estado brasileiro teve desde seu início ação centralizadora e tuteladora da Nação. Tudo dependia do governo e, assim, o comércio e a indústria estavam atados às autorizações, às tarifas protecionistas, às concessões, o que facilitava o suborno. Em essência nada mudou.

 

Em 2002, o PT chega à presidência da República jactando-se de ser único partido ético que vinha para acabar com as mazelas da política brasileira. E melhor: à frente do partido havia um “pobre operário” capaz de salvar a pátria, um padroeiro dos pobres e oprimidos.

 

Contudo, pode-se dizer que nunca antes nesse país houve um partido tão corrupto quanto o PT. Os petistas institucionalizaram a corrupção e convidaram aliados políticos e a inciativa privada para abrir franquias de roubalheira.

 

A força e a impunidade do PT se deveram basicamente a três fatores: a ilusão gerada pela propaganda, através da qual Lula da Silva foi endeusado. A inexistência de oposições, tanto partidárias quanto institucionais. A falta de cultura cívica do povo sempre dependente do Estado paternalista e indiferente aos escândalos de corrupção dos poderosos.

 

Além da corrupção o governo petista expandiu os males do Estado Brasileiro: o patrimonialismo, o nepotismo, a burocratização e, sobretudo a incompetência. Tudo sob a imagem da perfeição, das maravilhas que o magnânimo pai Lula prodigalizava aos desvalidos salvando-os da miséria.

 

 Nos porões do poder, porém, muito mais lucravam os que Lula, para efeitos externos, chama de elites, várias das quais se associaram em contubérnios com a companheirada de modo nunca visto. E, assim, roubou-se em milhões, em bilhões, em avantajadas cifras no país do dá-se-um-jeito.

 

Primeiro, articulou-se o mensalão ou compra de congressistas como forma de sustentar o projeto de poder do PT. Inabalável, mesmo sob o efeito das condenações do STF onde se notabilizou o ministro Joaquim Barbosa que logrou enviar para as grades maiorais do PT como José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Paulo Cunha, além dos auxiliares dos criminosos, Lula logrou eleger uma mulher que não consegue sequer proferir um pensamento coerente.

 

Com ela deu-se o terceiro mandato de Lula da Silva. Foi o tempo do descalabro com todos os possíveis erros que se pode cometer em economia. Mesmo assim, Rousseff, com pouca margem de votação se reelegeu montada nas mentiras e no terrorismo politico do marqueteiro João Santana, que atribuiu ao adversário o apocalipse brasileiro, que se vê agora é da autoria da criatura de Lula e dele próprio.

 

O presidente de fato seguiu inimputável, sempre a repetir que não viu nada, não sabia de nada, não ouvia nada, enquanto a inflação, o desemprego, a inadimplência vão infelicitando eleitores e não eleitores do PT.

 

O megaescândalo do petrolão estilhaçou a Petrobrás, orgulho nacional, tomada de assalto pelo aqui citado contubérnio. Mas, assim como o ex-ministro Joaquim Barbosa surgiu alguém que fez a diferença, o juiz Sérgio Moro, destacando-se também o trabalho da Polícia Federal e de procuradores na 0peração Lava Jato. Nesta ação inédita no Brasil estão indo para cadeia não só doleiros e auxiliares da rapina chamados de operadores, mas também presidentes das maiores empreiteiras, seus diretores e ocupantes de altos cargos na Petrobras.

 

Possivelmente, o povo tomaria conhecimento desses fatos com indiferença se não fosse o esboroar da economia, pois é certo que não há governo que resista quando a economia vai mal. Junte-se a isso a inconformidade popular que não aceita pagar pela incompetência governamental e temos o resultado da última pesquisa Datafolha, na qual Rousseff aparece como a pior presidente que o Brasil já teve, com 71% de reprovação e só 8% de aprovação.

 

É dito, falseando a questão, que um impeachment da inoperante presidente levaria ao caos institucional. Quando Collor, com grande participação do PT, sofreu o impeachment por muito menos do que hoje ocorre, as instituições ficaram intactas.

 

Falso também a presidente dizer-se intocável porque foi eleita pelo voto. Uma coisa é autoridade legal, outra é autoridade legítima. No momento ela não é mais legitimada pela população e o que se chama de crise política pode ser traduzida por crise de representatividade. Ela não representa mais o povo cansado de seu estelionato eleitoral e de sua incompetência.

 

O PT legou ao Brasil uma crise política de representatividade, uma crise econômica e uma crise de valores. A saída de Rousseff da presidência, dentro dos trâmites legais não é golpe. Golpe é sua permanência. Afinal, a emblemática segunda prisão de Jose Dirceu demonstrou que o PT nunca agiu em nome da causa, mas em causa própria. Não dá para suportar mais um governo assim. A causa caiu.

 

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

 

  

Read Full Post »